Aqui na frança reafirmo cada vez mais a minha brasilidade, sou um brasileiro de pais, avôs, bisavós e provavelmente de tataravôs e anteriores. Aqui me perguntam com frequência de onde sou ou de onde meus pais são, somos todos brasileiros, brasileiros com orgulho e lamentações de ser, mas é o que somos.
Gostamos de vatapá, acarajé, bobó e tacacá, sabemos desde novo quem é Chico Buarque ou Machado de Assis, escutamos samba sem nem saber o que é isto, ou se gostamos ou não, vivemos virados para a praia, mesmo sem nunca termos ido à ela, imaginamos uma Cidade Maravilhosa mesmo que ela não seja tão maravilhosa, mas queremos ir lá em algum momento de nossas vidas.
Chacrinha, tão em moda, quem não lembra? Ou melhor, programas de domingo a tarde na TV, na nossa "velha rival" TV Globo. Sem falar do futebol, que é algo que não gosto, mas como brasileiro estava lá acompanhando o final do brasileirão, mesmo sem acompanhar. Tem ainda a cerveja com os amigos, a "mulata", a "loira burra", o churrasco de domingo, a ressaca de segunda. A mistura no Podrão, ops, no Porcão, ou outra churrascaria de rodízio, onde servem sushi com polenta ao molho de bolonhesa, coisas do Brasil.
Mas que justamente por estas razões, razões de uma relação despretensiosa com a vida, uma relação de uma certa zombaria para com as coisas serias é que fazem termos a alegria estampada no rosto, gostem ou não os que gostariam de um país "sério e certo", nós somos assim: zombadores de nós mesmo, acima de tudo.
MaYa
Paris.